A intra-logística é realmente tão ruim?
Gostamos de trabalhar na indústria de intra-logística. Às vezes, explicamos para outras pessoas com que tipo de projetos e produtos trabalhamos no dia-a-dia. Infelizmente, não demora muito até começarmos a ouvir os mesmos discursos de sempre. Na verdade, não são exatamente discursos, mas sim acusações. Então, por essa razão, gostaríamos de discuti-los numa pequena série.
Provavelmente a acusação número um é que as nossas instalações semi-automatizadas e completamente automatizadas substituiriam o trabalho humano, tornando-o obsoleto. Então seríamos, até certo ponto, responsáveis quando as pessoas perdessem seus empregos. Mas, esse é realmente o caso?
Essa visão do mundo da intra-logística é obviamente muito simplificada e não faz jus às circunstancias reais do mundo. Toda empresa decide por si própria o grau de automação presente nos processos do seu armazém. Essas decisões têm como base as considerações da administração de negócios, as quais são feitas quando a companhia está com dificuldades.
Em uma situação como essa, seria um grande erro esperar que a situação melhorasse por conta própria. Isso só jogaria nas mãos da concorrência e comprometeria a existência da empresa. Assim que os cálculos dissessem que a automação economizaria dinheiro, alguma coisa teria que ser feita.
O que está por trás de toda automação?
Os críticos podem interpretar isso como mais um exemplo de comportamento ganancioso em detrimento dos outros. Essas pessoas veem o mundo somente como branco e preto, bem e mau, rico e pobre, mas não é assim que o mundo funciona.
É ganancioso oferecer aos clientes produtos mais baratos? É ganancioso resistir à concorrência, quando os clientes estão indo até eles? É ganancioso assegurar a sobrevivência de uma empresa (que possui uma força de trabalho também)?
A verdade é: se uma empresa toma a decisão de automatizar sob a pressão do mercado, está na verdade salvando empregos. Entretanto, não os empregos dentro dos armazéns, pois esses já estão perdidos de qualquer maneira, mas sim aqueles que possuem outras funções dentro da empresa.
A explicação para isso é muito simples. Se uma empresa está sofrendo com custos altos, ele precisa oferecer seus produtos e serviços por um preço maior, para cobrir os custos. Se os clientes estão relutantes em pagar os preços, eles vão a outros lugares e a empresa perde dinheiro, até que seja dissolvida e declare falência. Isso não coloca somente os empregos do armazém em risco, mas sim todos da empresa.
Quando uma companhia consegue reconhecer os sinais do mercado e reduz seus custos – por exemplo, através de um centro de distribuição automatizado – ela pode escapar desse destino. Então, na essência, um número pequeno de empregos de um armazém precisa ser sacrificado para que o emprego de outras pessoas fique mais seguro. Isso é justo?
Claramente não. Mas seria ainda menos justo, arrastar o resto da empresa à insolvência, somente para preservar os empregos do armazém por mais um tempo. Logo, o mais racional a fazer é automatizar a tempo. Agora, se isso vai ser feito de maneira justa, é uma responsabilidade dos gestores responsáveis.
Planejamento de pessoas em longo prazo
As empresas são aconselhadas a planejar as necessidades das pessoas em longo prazo. Isso ajuda a amortecer um pouco as mudanças extremas que podem surgir a partir da automatização do armazém. Porém, na maioria dos casos, essas funções num centro de distribuição são desempenhadas por trabalhadores pouco qualificados. Isso é só um resultado do tipo de trabalho que precisa ser feito ali.
Mas, isso certamente não significa que essas pessoas não sejam qualificadas para outras funções dentro da empresa. Um homem chamado Joe Girard, por exemplo, que abandonou a escola e não teve uma educação profissional, foi subestimado por muito tempo, o que não o impediu de vender mais de 13 mil carros no período de 15 anos e se tornar o melhor vendedor de carros de todos os tempos. Talvez você tenha alguém semelhante a ele na sua equipe sem saber.
Eu diria que muitas dessas pessoas empregadas em armazéns podem melhorar as suas habilidades, se forem motivadas e notificadas desde cedo. Assim, se o momento de cortar os empregos nos armazéns chegar, é possível mover pessoas que conheçam a empresa e já tenham provado sua motivação e comprometimento para com as metas para novas funções.
O objetivo da automação nunca é se livrar de empregados comprometidos e confiáveis. Mas, a automação é necessária para salvar o futuro da empresa e prevenir que ela seja deslocada pela concorrência. Se a automação faz sentido pela economia, adiá-la levaria a organização para a direção errada.
Tornar os fornecedores de intra-logística responsáveis pela perda dos empregos nos centros de distribuição perde o cerne da questão completamente. Nós, como pessoas que trabalhamos nessa indústria, esperamos por uma compreensão mais aprofundada das relações econômicas casuais em nossa sociedade, de modo que não tenhamos que lidar com tais acusações mais.
Fonte: http://www.ssi-schaefer.com.br