Transportadoras e fabricantes investem em tecnologia a serviço do cliente
A paralisação de linhas de produção da indústria e o desabastecimento nos postos de combustíveis que o Brasil enfrentou na semana passada, com a interrupção das estradas pelos protestos dos caminhoneiros, deixaram à mostra a sensibilidade do transporte de carga, como elo essencial da cadeia de fornecimento à população. Para ganhar eficiência e evitar problemas na entrega, as maiores empresas do setor lideram uma onda de investimentos em tecnologia e inovação. Dos pátios das operadoras para dentro, sistemas avançados de gestão, controle da entrega e do roteiro cumprido pela frota constituem tendência num mercado de grande competição, segundo a Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg).
Os principais aportes estão sendo feitos na área de automação do recebimento de mercadorias, transporte e distribuição, informa o presidente da instituição, Vander Francisco Costa. “Tecnologia e inovação são fatores de melhoria nos resultados, a começar da cobrança correta do frete. É muito interessante ver a forma como os caminhões de transporte de cargas evoluíram nos últimos 10 anos. O desafio agora é investir na redução de gases poluentes”, afirma. Não há estatística sobre o montante que está sendo investido. As políticas das transportadoras têm sido executadas com a destinação regular de percentuais da receita para os investimentos.
O sistema de rastreabilidade da carga é um dos itens mais frequentes dos programas de modernização e inovação tecnológica, acompanhando a mercadoria desde a coleta até a entrega ao cliente por meio de códigos de barras e coletores com chips. Especializada na fabricação de equipamentos e sistemas inteligentes de reastreamento e monitoramento de frota, a Maxtrack, de Betim, na Grande Belo Horizonte, está investindo na expansão de seu parque industrial, para atender demanda crescente. Quando o motorista sai da fábrica já seguirá a rota ideal, acompanhado por sistema on-line, que controla a entrega ponta a ponta e monitora a segurança.
“É algo transparente para quem contrata um sistema de frete e que impacta diretamente no resultado da empresa e na melhoria operacional”, afirma o diretor-executivo da Maxtrack, Etiene Guerra. A empresa comercializa os equipamentos e as soluções de logística, executadas por uma rede de 350 operadores parceiros. No desenvolvimento tecnológico, aplica, ao todo, entre 6% e 8% do seu faturamento. O parque industrial está sendo ampliado da área atual de 3 mil metros para 5 mil metros quadrados, com aporte de R$ 5 milhões neste ano só em infraestrutura de galpões e maquinário.
Longo caminho Além da eficiência operacional, os investimentos no transporte e distribuição de mercadorias envolvem medidas para aumento da segurança de usuários, cargas e terceiros; melhoria e durabilidade de equipamentos e infraestrutura e eficácia no armazenamento, destaca José Henrique Diniz, coordenador da área de inovação e criatividade do Instituto de Educação Tecnológica (Ietec), de Belo Horizonte. “Há enfoque, principalmente, nas tecnologias embarcadas, como as de rastreamento e localização de cargas e veículos, com uso intensivo de componentes eletrônicos e softwares de supervisão e controle”. De acordo com Diniz, ainda há espaço para o surgimento de inovações voltadas para aumento de eficiência e segurança dos equipamentos e da infraestrutura, redução de custos e de emissões e aumento de vida útil.
A preocupação faz todo o sentido, já que, ao estado precário das rodovias, se juntam desafios como a falta de equipamentos para controle do peso dos caminhões, o que encarece o transporte, elevando o custo de manutenção com estradas e veículos e, consequentemente, também o das mercadorias. No setor ferroviário, não é diferente. A mineradora Vale tem feito investimentos expressivos em inovações operacionais. Carlos Quartieri, diretor da Estrada de Ferro Vitória a Minas, informa que desde o ano passado a companhia vem adquirindo equipamentos em busca de economia, segurança e redução de mão de obra em atividade pesada, que é treinada e absorvida em outras áreas.
“Entre os grandes equipamentos adquiridos estão os carros controle, que medem mensalmente toda a linha por meio de sensores a laser e verificam pontos com defeitos e desgastes que precisam ser corrigidos”, explica Quartieri. A partir dessa medição são gerados relatórios usados pela equipe de planejamento de manutenção de via permanente. Outros equipamentos realizam, posteriormente, procedimentos necessários, como a troca de dormentes e lastro. “Tudo é feito de forma automática, com poucos profissionais envolvidos e com formação técnica maior”, frisa o diretor.
Fonte: http://www.em.com.br